Há três correntes interpretativas. A primeira é a da não imortalidade, a qual encontramos presente nos ensinos dos pelagianos e socinianos. Estes defendem que Adão foi criado mortal e não só no âmbito da possibilidade, mas o primeiro homem estava sujeito a morrer mesmo antes da queda. Defendem eles que a morre biológica é natural para todo o vivente, de maneira que a vida corporal começa e deve acabar. Assim sendo, não compreendem a morte como um elemento punitivo, mas como um processo natural da existência humana.
Outra corrente é a da imortalidade condicional. Entendem os teólogos que a defendem que o homem não possuíam capacidade inerente de viver eternamente, mas não precisava ter morrido. Antes do pecado, a morte não era punitiva e era uma possibilidade, porém, após a queda, Árvore da Vida torna-se inacessível ao homem (Gn 3.21), de modo que ele não mais pode ter acesso à vida eterna e, assim, a morte se torna algo inevitável.
A terceira corrente é a qual da imortalidade absoluta, e é a qual integro, por estar mais coadunada ao ensino do texto bíblico. Acerca da imortalidade adâmica, essa terceira corrente defende que o homem, em sua condição original, não estava sujeito à lei da morte. A defesa do posicionamento de uma imortalidade absoluta se deve pelas seguintes razões:
1. Analisando a doutrina da “Imago Dei” (imagem de Deus no homem), compreende-se que o Deus que não está sujeito às sementes da corrupção e mortalidade confere ao homem a ausência da morte como uma das expressões de sua imagem e semelhança. Assim sendo, o homem não levava dentro de si as sementes da morte física, mas, ao contrário, ele fora criado com o dom preternatural da imortalidade.
2. A penalidade de Gênesis 2.17: “No dia em que comerdes, certamente morrerás”. Há ainda a alusão de outros textos bíblicos, tais como Ezequiel 18.4, Romanos 6.23 e Efésios 2.1, que claramente fazem referência à morte espiritual. Todavia, deve-se entender que a morte espiritual – a separação entre o homem e Deus – traz em si a semente da morte biológica – separação entre corpo e alma. Por herança adâmica, a morte tem domínio sobre toda a humanidade, pois toda humanidade nasce espiritualmente morta e fisicamente destinada a morrer (Rm 5.12). Por decorrência lógica, se não haveria morte.
3. A morte física não é apresentada nas Escrituras como o resultado natural da continuação do estado original do homem, antes, sim, ela é inimiga da vida humana (1Co 15.26). O castigo sobre o homem (Gn 3.19), o qual explicitamente faz menção à morte física, se trata de condição nova e não de algo pertinente à fase antes da Queda. Assim entende-se que a corrupção do corpo só é conhecida na queda (1Co 15.22) e, por conseguinte, o homem fora criado para imortalidade.
4. Em Cristo, em sua morte e ressurreição, os salvos obtêm sua plena redenção. No que se refere à redenção do corpo, significa que Cristo nos proporciona o direito à eternidade, por meio da ressurreição e glorificação corpórea (1Co 15.51), a qual nos conferirá a restauração do estado de imortalidade que tinha o homem (Lc 20.36) e, consequentemente, o retorno absoluto ao estado original pré-Queda (1Jo 3.2,3).
Partindo das Justificativas supramencionadas, nós podemos crer que Deus criou Adão para imortalidade.
“Mensageiro da Paz, n°1.492, Setembro de 2009”